Esta é uma fase em que eu estou fazendo muitas descobertas em relação a mim mesma, e creio que esta fase está sendo a mais rica da minha vida.
Durante todos os segundos em que a gente vive, temos contato com nós mesmos, mas poucas pessoas resolvem realmente travar conhecimento consigo próprias.
É como passar a vida inteira fechada numa sala, ao lado de outra pessoa, apenas acostumado com a presença dela. Olha-la, mas não chegar perto, não conversar, não tocar.
A gente se acostuma com a gente mesmo porque não tem como separar, mas não se dá ao trabalho de olhar pra dentro e procurar saber quem mora conosco.
A vida inteira a gente só se atura.
A sociedade e as religiões dizem que devemos conhecer as outras pessoas, amá-las, conviver com elas. Aceitá-las, aceitar seus defeitos. Somos obrigados a tolerar os outros para vivermos em paz uns com os outros. Mss ninguém ensina que antes disso, devemos fazer isso com nós mesmos. Como é possível tolerar o defeito do outro se existem defeitos em mim que eu não tolero e tudo o que eu faço é reprimi-los?
Faço de tudo para não machucar os outros, mas todos os dias eu me machuco com as minhas crenças auto-destrutivas, que vão desde um “não vou conseguir” até coisas bem mais pesadas.
É impressionante quanto tempo a gente gasta com os outros, tentando ser aceito, tentando agradar, tentando se encaixar em padrões da sociedade, quando por dentro estamos destruídos, sem rumo, sem saber quem somos e o que queremos de verdade.
Não é fácil de auto-conhecer. Não é fácil porque a gente vai descobrindo que temos podres, temos defeitos, temos sentimentos ruins. A sociedade e as religiões pregam que os nossos pensamentos devem ser 100% bons, e isso não existe. Por isso que as pessoas não têm coragem de mergulhar nelas mesmas: descobrem que têm seu lado negro e não sabem como lidar com ele.
Descobrimos que somos imperfeitos e que tentamos mascarar essas imperfeições quando, na verdade, deveríamos aceitá-las e trabalhar para torná-las cada vez mais fracas.
É difícil romper com o externo, com as aparências, e padrões, e regras, e entrar dentro de nós mesmos sem julgamentos, acostumarmo-nos com os nossos defeitos e procurar o equilíbrio interior. É um trabalho, exige concentração, energia e paciência. Mas é disso que todas as pessoas precisam.
Jesus disse para amarmos o próximo como amamos a nós mesmos. Ele se esqueceu de dizer que, antes disso, devemos nos amar primeiro. E ninguém se ama de verdade sem se conhecer de verdade.
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